Mundo Moderno

quinta-feira, 23 de junho de 2011

HISTÓRIA DA ARTE


Arte é uma criação humana, dotada de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia) que sintetizam as emoções, a história, os sentimentos, a cultura. Ela só pode ser definida por critérios de uma cultura, isto é, são produções históricas e como tais sua interpretação varia ao longo do tempo.

A arte é um dos símbolos da modernidade. Por ela, podemos interpretar os sentidos que os sujeitos atribuem à realidade como na produção abaixo:  

Candido Portinari, Retirantes, 1944. Óleo s/ tela 190 x 180 cm.

A obra acima é de Candido Portinari, importante pintor modernista brasileiro. Portinari foi um artista arguto e crítico, filiou-se ao Partido Comunista, militou na política por anos a fio e em sua obra expressava uma preocupação social.

Na tela, o pintor retrata a necessidade que o povo tem em abandonar sua terra em busca de uma vida melhor em outro lugar, o nordestino fugindo da seca e buscando novas oportunidades no sudeste.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

“Os habitantes da cidade parecem ter assumido a situação de estar ela destinada a ser sempre nova, apagando os parcos vestígios do passado, para ser sempre o emblema da modernidade.”
 
Raquel Glezer. “Visões da cidade”

Cidade... cidades...

A cidade existe desde a Antiguidade, mas foi com a consolidação do sistema capitalista que a cidade moderna se firmou como espaço de civilidade e concretização das potencialidades humanas. Incorporando a idéia de progresso como tentativa de negar os vestígios do passado e confirmação de novas práticas que explicassem as novas concepções de mundo, a cidade abriga múltiplos sonhos e representações; é mais que o aparato material e racional.

Ao contemplar a cidade, a primeira experiência usufruída é o impacto visual, e sua materialidade possibilita uma sensibilidade ambígua de fascínio e medo pois é dinâmica, mutável; é o espaço por excelência das transformações, ou seja, do progresso e da história. Camaleônica, as metamorfoses urbanas surpreendem e nem sempre as experiências visuais são agradáveis. Local de renovação, na cidade há um constante (re)construir como que na tentativa de renovação que se afigura como positiva, o impacto das transformações  aparece como necessário pois as formas de representação da cidade são elaboradas consoante aos projetos sócio-políticos vigentes.

LEBLÔNIA

Por Mauro Oliveira Almeida

Leblônia é uma cidade jovem que vive num ar inquietante de “quero ser grande”. Sentimento esse muito bem aproveitado pela classe política (que se diz moderna, mas é tão roceira na essência como boa parte da população) que espalha todo aquele verde, ainda que de grama mal plantada e palmeiras para todos os lados, que até virou símbolo para um novo slogan: “Leblônia é o melhor lugar do mundo”. É tanta palmeira que parece mais uma cidade do litoral...
Cidade das velhas formas, hoje preenchidas por novas funções: algumas fazendas foram transformadas em hotéis, outras encontram-se em ruínas, retalhadas pela herança. Nos casarões vemos “cristalizada” a sucessão de tempos; seu conteúdo, no entanto, é sempre atual. Mas toda a modernidade aparente e os ufanismos de seus políticos vão literalmente por água abaixo quando ocorre a habitual precipitação vespertina. Precipitação é força de expressão. A chuva é quase sempre torrencial, fazendo com que a cidade se dissolva como se fosse de areia, deixando uma profusão de buracos de enxurrada e paralelepípedos arrancados, que são a alegria dos ferreiros da cidade, dada a quantidade de rodas de carroça quebradas e ferraduras arrancadas. Nas calçadas estreitíssimas, uma guerra de guarda-chuvas negros e cabelos desarrumados são as arcas deixadas entre os transeuntes.
Porém Leblônia não pode renegar a origem rural e a mentalidade idem dos habitantes, as pessoas ainda cultivam hábitos antigos, levam uma vida pacata (são cidadãos pacatos que aceitam esse cotidiano simples e sem novidades) e algumas renunciam à modernidade, como um influente político disse: “Leblônia não precisa crescer mais, está bom do jeito que está”. Todo aquele frenético movimento diário se converte numa cidade fantasma nos fins de semana. Pode-se puxar uma rede nos postos da rua e dormir sem ser incomodado.
Contudo, não se pode culpar a cidade pelo fato de o progresso ter chegado apenas como um esboço e terem perdido a possibilidade de ser realmente uma “cidade grande”. Leblônia escolheu a pacatez e o silêncio. Corrijo, Leblônia nasceu pacata e silenciosa. Mas sua grandeza está na perseverança de seus habitantes que, como a maioria dos interioranos, são teimosos... e não desistem nunca!!


Mauro Oliveira Almeida é graduado em História e ardoroso crítico da modernidade.

Você conhece Leblônia??