Mundo Moderno

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que é educação

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:
"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens."


(BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo: Brasiliense, 1984)


A partir do exerto do texto de Carlos Brandão compreendemos que a educação é diferentemente compreendida nas sociedades. Desde o nascimento, o homem inicia seu processo de aprendizagem seja na família, no grupo social, no trabalho, na igreja, na escola. Isto é, ocorre em diferentes espaços e possui inúmeras nuances. Poderia indicar algumas dessas nuances: educação ambiental, educação patrimonial, educação política, educação sexual, educação...É certo que não cessamos de aprender...

Em tempos fluidos e modernos, como o que vivemos, a educação tem papel primordial para compreendermos o mundo a nossa volta e lutar por transformações.

Resolução CNE/CP 1/2002 - Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica

By
Fernando Lima
Gabriel Mendes
Rodrigo Pereira
Tainá Aprile
Wesley Sousa

sábado, 15 de outubro de 2011

A sociedade da informação é, também, a sociedade do conhecimento?

A tecnologia está tão presente em nossas vidas que parece ser algo natural trocar e-mails, ver televisão, ouvir música no aparelho MP4... A cada dia o volume de informações disponíveis é surpreendente, o que leva o momento atual ser conhecido como sociedade da informação. A rapidez com que as informações circulam é surpreendente e, às vezes, tem-se a sensação de que estamos atrasados e precisamos "correr"  para não ficar fora das inovações.
Porém, podemos afirmar que as informações que recebemos são úteis a nossa formação e compreensão da realidade?

O que é sociedade da informação?


 

Dia do Professor

Como ensinou Guimarães Rosa, "professor é aquele que, de repente, aprende". Para esse profissional que colabora na formação de cidadãos críticos e profissionais competentes, algumas percepções:



Parabéns pelo Dia do Professor!!

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Função social da escola

Para que servem as escolas?

Comumente, a resposta a essa indagação é que a escola serve para educar o indivíduo, preprando-o para a vida e para o trabalho.
O que mais? Qual é a função da escola?
No documentário abaixo, produzido por Erdfilmes em 13 cidades do Piauí, a função da escola é discutida por autoridades e pessoas comuns.

Paradigmas modernos

A educação tem papel primordial na vida do homem.
A família é a primeira forma de socialização do homem e aí inicia seu processo de aprendizagem. Ao longo de sua vida, o homem interage com outros homens e nesse exercício constrói sua realidade. A família, a escola, a igreja, o grupo social colaboram nesse processo de educar.
Há modelos diversos de educação e um deles, de modo crítico e divertido, é apresentado no link:http://xucurus.blogspot.com/2009/11/o-homem-moderno-para-quino.html


Como ensinou o mestre Paulo Freire: "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo."

Memórias de flâneurs em seus exercícios de flânerie

Os textos abaixo são experiências de universitários que praticaram flânerie (observação curiosa e analítica do mundo moderno). Após leituras e discussões a respeito do flâneur, os estudantes foram instados a observar a realidade e materializarem suas percepções em produções discursivas.
Baudelaire nos mostra que a figura denominada Flâneur em sua obra nada mais é do que "uma pessoa que anda pela cidade a fim de experimentá-la". Em outras palavras, um sujeito que usa as ruas e a boemia como inspiração para sua arte, seja ela através de pinturas, musica, literatura, etc. Este Flâneur anda pela cidade, quase imperceptível, sem destino e absorve tudo ao seu redor, tudo o que seus sentidos conseguem captar.
Os elementos que o inspiravam vinham dos burburinhos, das manifestações sociais e de tudo que o cenário moderno poderia lhe oferecer.
Já no mundo pós-moderno, observa-se que o Flâneur teve que se adaptar a uma reformulação nos costumes e no aumento da força de trabalho neste contexto, se assim pode-se dizer. Shoppings, bares, feiras, e até a própria internet viraram seu “campo de exploração”. Ainda nesta pós-modernidade, esta figura que era conhecida por ser solitária, agora se insere no meio de grupos e, assim tornou-se, de certa forma mais flexível.
Peço licença para falar sobre minhas próprias experiências. E como um dos frutos desta experiência, escrevi um pequeno texto que não pode de forma alguma ser considerado um poema ou uma poesia apesar do formato.
Um andante e um destino

Abro meus olhos, visto uma roupa qualquer,
Sim, sou um ser aleatório, indefinido e oculto,
Assim como o caminho que vou tomar,
Talvez dure alguns instantes, ou ainda um dia todo,
Seguindo pelo acinzentado chão que o concreto cobre,
Disputado por um baixo nível de asfalto esfarelado.

Os sons se misturam entre altos e baixos,
E entre estilos diferentes me confundem.
Descrevo esta longa ladeira até o centro comercial,
O tumulto, a calçada movimentada, o espaço do povo,
Todo este caos pós-moderno trazido pela metrópole,
Encoberto por um céu vermelho bem destacado,
Assim como a cor símbolo do marketing capitalista.

Rápido e forte como o vento vindo do Sul,
Chega à noite, e com ela a nostalgia,
Postes incandescem a cidade com um tom alaranjado,
O comercio se encerra, e as calçadas antes tomadas pelo povo,
São trocadas pelo trafego inquietante de carros pelas ruas.
O frio chega, trazendo consigo o cansaço e a necessidade de um [abrigo.

E nesta hora passo a me contradizer,
Antes, era um jovem andante e sem destino algum,
Agora, encontro um: Aquele de onde despertei,
Aquele de onde parti, quando este conto começou,
E aqui estou, a descrever esta selva de pedra,
Em que um dia me inspirei.
By Raphael Figueiredo Zanelato (História)





ANÁLISE DOS COMPORTAMENTOS PESSOAIS EM UM PONTO DE ÔNIBUS COM RELAÇÃO À MODERNIDADE

                   Para a realização do trabalho, escolhi o ponto de ônibus. Ele é um espaço público, onde todas as pessoas podem ter acesso. Mas o que mais me chamou a atenção é o tipo de pessoas que o freqüentam e os seus respectivos comportamentos. Podemos observar também que o grupo de pessoas que o freqüentam e seleto pois, as pessoas de classes mais favorecidas tem seu próprio veículo, enquanto as “subalternas” utilizam desses serviços.By Eduardo Petrucci (Geografia)
            Outro fato curioso é o tipo de roupa que as pessoas utilizam, umas são mais bem vestidas que outras, umas estão com o seu uniforme de trabalho, escola, etc; tudo depende de qual linha de ônibus o indivíduo vai pegar, por exemplo: As pessoas mais bem vestidas vão para o shopping, para condomínios mais afastados da cidade ou para algum outro bairro onde o nível econômico seja um pouco mais elevado. Mas esta observação não é uma regra, nem sempre podemos associar as vestes ao destino das pessoas.
            O ponto de ônibus que escolhi para analisar está localizado na Av. Nenê Sabino, nas proximidades da Universidade de Uberaba (UNIUBE). Ele é muito grande, passa muitas linhas de ônibus de duas empresas, a Viação Piracicabana e a Líder. Sinceramente o que mais me intriga é o comportamento das pessoas dentro do coletivo e fora dele, quando estão esperando-os.
            Na minha concepção, tenho como lugar público um espaço de interação entre seus ocupantes, de relações, de comunicação. Mas o que eu posso observar é que isso não ocorre, as pessoas são distantes umas das outras, é muito difícil a comunicação entre elas, quando muito para pedir alguma informação, não vejo nenhuma saudação cordial, nenhum afeto, nenhum cumprimento, o que nos dá a sensação de liquidez, onde não são feitas relações duradouras, consistentes. Isso pode ser uma das conseqüências da modernidade. Essa questão também foi intrigante para ZYGMUNT (2001), ele argumentou;
“Quando a distância percorrida numa unidade de tempo passou a depender da tecnologia, de meios artificiais de transporte, todos os limites à velocidade do movimento, existentes ou herdados, poderiam, em princípio, ser transgredidos.”
            O que é percebido não só por mim, mas em geral, é que as pessoas de hoje não se relacionam mais como antigamente, onde eram sólidas essas relações. Na maioria das vezes os passageiros estão com seus fones de ouvidos, o que nos dá a sensação de que esse indivíduo está excluindo qualquer possibilidade de comunicação com outros indivíduos.
            Será que futuramente as comunicações entre as pessoas serão somente por aparelhos eletrônicos? Será que cada vez mais estaremos nos distanciando das pessoas por conta da modernidade?
            Essas questões são complexas, mas não impossíveis de analisar. É fato que as pessoas cada vez mais estão sem tempo, mas o que nos dá esperança é que elas não deixaram de se comunicarem e nunca deixarão. Então eu acredito que mesmo que sejam mantidas relações “virtuais”, ou “eletrônicas”, é fundamental que elas ocorram.
            Hoje em dia, “a forma prática de identificar e conhecer os outros é mais rápida e direta: pela maneira como se vestem, pelos objetos que exibem, pelo modo e pelo tom com que falam, pelo seu jeito de comportar.” (SEVCENKO, 2001, p. 64), houve uma “supervalorização” no olhar, só de ver outra pessoa, achamos que sabemos que ela é, de onde veio ou qual deverá ser seu comportamento. Isso acaba por afastar de vez as pessoas, principalmente num ponto de ônibus, as pessoas estão cada vez mais isoladas, elas se sentam espaçadamente, de preferência um banco de distância, e mesmo dentro do ônibus, elas preferem ocupar uma poltrona sozinhas, sendo que poderiam interagir com alguma outra pessoa, de cidades diferentes, de culturas diferentes, assim poderiam aprender mais, respeitar mais, aceitar mais, enfim, poderiam ter experiências únicas com uma simples conversa.
            E parece que cada vez mais essa “supervalorização” do olhar está tomando conta das pessoas, o que é lastimável.
            Tomando como base as cidades pequenas, onde as pessoas se relacionam mais com seus vizinhos, com as pessoas do seu bairro ou comunidade, porque onde vivem há menos riscos de serem assaltados, seqüestrados. Acredito que esses fatores é que bloqueiam as pessoas das cidades grandes se relacionarem.
            Enfim, as pessoas cada vez menos interagem entre si, seja por medo, por vergonha, por pressa, ou por qualquer outro motivo, mas devemos sempre lembrar o quão fundamental é essa comunicação, pois ela é quem nutre as bases de uma sociedade, faz com que as pessoas não se rejeitem, não se anulem, mas sim sejam mais felizes e compreensivas.

REFERÊNCIAS:
BERMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. P. 7-21.
SEVCENKO, N. A corrida para o século XXI. No loop da montanha russa. São Paulo: Companhia das letras, 2001.

By Eduardo Petrucci (Geografia)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

HISTÓRIA DA ARTE


Arte é uma criação humana, dotada de valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia) que sintetizam as emoções, a história, os sentimentos, a cultura. Ela só pode ser definida por critérios de uma cultura, isto é, são produções históricas e como tais sua interpretação varia ao longo do tempo.

A arte é um dos símbolos da modernidade. Por ela, podemos interpretar os sentidos que os sujeitos atribuem à realidade como na produção abaixo:  

Candido Portinari, Retirantes, 1944. Óleo s/ tela 190 x 180 cm.

A obra acima é de Candido Portinari, importante pintor modernista brasileiro. Portinari foi um artista arguto e crítico, filiou-se ao Partido Comunista, militou na política por anos a fio e em sua obra expressava uma preocupação social.

Na tela, o pintor retrata a necessidade que o povo tem em abandonar sua terra em busca de uma vida melhor em outro lugar, o nordestino fugindo da seca e buscando novas oportunidades no sudeste.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

“Os habitantes da cidade parecem ter assumido a situação de estar ela destinada a ser sempre nova, apagando os parcos vestígios do passado, para ser sempre o emblema da modernidade.”
 
Raquel Glezer. “Visões da cidade”

Cidade... cidades...

A cidade existe desde a Antiguidade, mas foi com a consolidação do sistema capitalista que a cidade moderna se firmou como espaço de civilidade e concretização das potencialidades humanas. Incorporando a idéia de progresso como tentativa de negar os vestígios do passado e confirmação de novas práticas que explicassem as novas concepções de mundo, a cidade abriga múltiplos sonhos e representações; é mais que o aparato material e racional.

Ao contemplar a cidade, a primeira experiência usufruída é o impacto visual, e sua materialidade possibilita uma sensibilidade ambígua de fascínio e medo pois é dinâmica, mutável; é o espaço por excelência das transformações, ou seja, do progresso e da história. Camaleônica, as metamorfoses urbanas surpreendem e nem sempre as experiências visuais são agradáveis. Local de renovação, na cidade há um constante (re)construir como que na tentativa de renovação que se afigura como positiva, o impacto das transformações  aparece como necessário pois as formas de representação da cidade são elaboradas consoante aos projetos sócio-políticos vigentes.

LEBLÔNIA

Por Mauro Oliveira Almeida

Leblônia é uma cidade jovem que vive num ar inquietante de “quero ser grande”. Sentimento esse muito bem aproveitado pela classe política (que se diz moderna, mas é tão roceira na essência como boa parte da população) que espalha todo aquele verde, ainda que de grama mal plantada e palmeiras para todos os lados, que até virou símbolo para um novo slogan: “Leblônia é o melhor lugar do mundo”. É tanta palmeira que parece mais uma cidade do litoral...
Cidade das velhas formas, hoje preenchidas por novas funções: algumas fazendas foram transformadas em hotéis, outras encontram-se em ruínas, retalhadas pela herança. Nos casarões vemos “cristalizada” a sucessão de tempos; seu conteúdo, no entanto, é sempre atual. Mas toda a modernidade aparente e os ufanismos de seus políticos vão literalmente por água abaixo quando ocorre a habitual precipitação vespertina. Precipitação é força de expressão. A chuva é quase sempre torrencial, fazendo com que a cidade se dissolva como se fosse de areia, deixando uma profusão de buracos de enxurrada e paralelepípedos arrancados, que são a alegria dos ferreiros da cidade, dada a quantidade de rodas de carroça quebradas e ferraduras arrancadas. Nas calçadas estreitíssimas, uma guerra de guarda-chuvas negros e cabelos desarrumados são as arcas deixadas entre os transeuntes.
Porém Leblônia não pode renegar a origem rural e a mentalidade idem dos habitantes, as pessoas ainda cultivam hábitos antigos, levam uma vida pacata (são cidadãos pacatos que aceitam esse cotidiano simples e sem novidades) e algumas renunciam à modernidade, como um influente político disse: “Leblônia não precisa crescer mais, está bom do jeito que está”. Todo aquele frenético movimento diário se converte numa cidade fantasma nos fins de semana. Pode-se puxar uma rede nos postos da rua e dormir sem ser incomodado.
Contudo, não se pode culpar a cidade pelo fato de o progresso ter chegado apenas como um esboço e terem perdido a possibilidade de ser realmente uma “cidade grande”. Leblônia escolheu a pacatez e o silêncio. Corrijo, Leblônia nasceu pacata e silenciosa. Mas sua grandeza está na perseverança de seus habitantes que, como a maioria dos interioranos, são teimosos... e não desistem nunca!!


Mauro Oliveira Almeida é graduado em História e ardoroso crítico da modernidade.

Você conhece Leblônia??

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dilemas



Trabalhar para viver ou viver para trabalhar?

Consumir para viver ou viver para consumir?


Modernidade líquida

A atual fase da modernidade pode ser qualificada como líquida por sua semelhança com a fluidez dos líquidos que têm características de mobilidade e inconstância, que suprime o tempo, adequa-se às circunstâncias.
Segundo Z.Bauman, a modernidade nasceu fluida; daí a dissolução das forças, da ordem, dos laços e dos elos. Ao mesmo tempo, a modernidade líquida é coercitiva pois o indivíduo deve se alocar, adaptar e acomodar-se a novas regras e modos de conduta "politicamente corretos", sob a condição de ser aceito nos grupos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

“Assim ele vai, corre, procura. O quê? (...) Homem solitário dotado de uma imaginação ativa, sempre viajando através do grande deserto de homens, tem um objetivo mais elevado do que o de um simples flâneur. Ele busca esse algo, ao qual se permitirá chamar de Modernidade. (...)Trata-se de tirar da moda o que esta pode conter de poético no histórico, de extrair o eterno do transitório. (...) A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável”.
Charles Baudelaire, Sobre a Modernidade

A condição moderna: ser leve e líquido

O tempo anterior ao advento da Modernidade mantinha uma estreita relação com o aquele natural, em que as atividades humanas eram realizadas a partir de indicadores retirados da natureza: estações, sol, lua e chuvas. A Modernidade operou uma profunda alteração com a introdução do tempo cronológico, aquele determinado pelos ponteiros do relógio, parâmetro homogeneizador e avaliador das atividades humanas. Com o advento desse novo tempo, precioso, uma vez medida de valor, "perder" tempo era símbolo de ócio, sendo que o trabalho disciplinado, incessante e laborioso determinaria a qualificação do tempo como produtivo.
 
 
 
 Dantes, acreditávamos na solidez da realidade e na estabilidade das relações, dos valores e códigos. No entanto, o derretimento dos sólidos levou à sensação de fluidez.
 
Fluidez? Esta não é uma característica dos líquidos?  
 
 
Estamos destinados a mudar continuamente? Se positivo, o que isso representa?

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O melhor dos mundos

No famoso livro, Candido ou o otimismo, Voltaire conta a história do jovem Cândido, em busca do paradeiro de sua “bela Cunegundes” sempre acompanhado do Dr Pangloss, seu professor de filosofia e médico que o tempo todo mandava aplicar-lhe inúteis sangrias.
O Dr. Pangloss de Cândido – ou O Otimismo é um personagem atual. Mesmo diante das maiores tragédias e problemas vivia sempre a repetir: “este é o melhor dos mundos possíveis” como se os fatos ocorressem porque era necessário que acontecesse no melhor dos mundos possíveis.
Somos todos do século passado (rsrsrs) que se afigura o mais avançado e, ao mesmo tempo, o mais trágico, da história humana. Para parte dos que vivenciaram a passagem para o século XXI, o século XX é uma representação do "mundo panglossiano", em que se se justificam todas as catástrofes (naturais e humanas) como necessárias para o avanço da ciência, da tecnologia ou do conhecimento para promover melhor qualidade de vida e progresso aos homens.
Poderíamos aqui indagar os parâmetros utilizados para delinear o "mundo ideal", os modos como o homem tem construído sua trajetória no afã de apresentar-se mais avançado que seus progenitores...

sábado, 26 de março de 2011

O breve século XX



“Hobsbawm divide a história do século em três “eras”. A primeira, “da catástrofe”, é marcada pelas duas grandes guerras, pelas ondas de revolução global em que o sistema político econômico da URSS surgia como alternativa histórica para o capitalismo e pela virulência da crise econômica de 1929. Também nesse período os fascismos e o descrédito das democracias liberais surgem como proposta mundial. A segunda são os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 que, em sua paz congelada, viram a viabilização e a estabilização do capitalismo, responsável pela promoção de uma extraordinária expansão econômica e de profundas transformações sociais. Entre 1970 e 1991 dá-se o “desmoronamento” final, em que caem por terra os sistemas institucionais que previnem e limitam o barbarismo contemporâneo, dando lugar a brutalização da política e à irresponsabilidade teórica da ortodoxia econômica e abrindo as portas para um futuro incerto”. (Apresentação Cia das Letras)

quinta-feira, 24 de março de 2011

Queijo assassino em Uberaba


Recebi, recentemente, uma bem humorada crítica a normatização para comercialização de queijos in natura (Portaria IMA 1117 de 10/01/11). Redigido em linguagem fluente, o texto faz uma apropriada crítica aos excessos das normatizações que invadem a privacidade dos indivíduos sem lhes dar a oportunidade de esboçarem reação.
Aprendemos que a “ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer”(Marilena Chauí).  Não residiria aqui um dos artifícios para a regulamentação dos queijos? Para além das questões de saúde pública, desprezou-se uma secular expressão cultural, sem que os sujeitos pudessem se expressar a respeito.
A moderna sociedade burguesa, marcada pela desigualdade, parece querer se renovar continuamente, como se o desenvolvimento técnico-científico garantisse a felicidade de todos, porém muitos não possuem o básico para a subsistência (moradia, vestuário, alimentação). Ao destruir saberes e formas de produção não se está destruindo somente a fonte de subsistência, corre-se o risco de destruição do próprio sujeito com identidade específica.
E em uma sociedade em que “tudo que é sólido desmancha no ar”, os saberes a respeito da fabricação e do consumo do queijo parecem estar se perdendo e deliciar um pão de queijo caseiro poderá tornar-se iguaria para poucos ou produto turístico.
A leitura do texto remeteu a discussão que fizemos a respeito da ideologia. Ao lê-lo, pense a respeito:
"Todas as relações firmes, sólidas, com sua série de preconceitos e opiniões antigas e veneráveis foram varridas, todas as novas tornaram-se antiquadas antes que pudessem ossificar." (K.Marx)

  "Na Terça, 22 de fevereiro, em Uberaba, houve uma “operação de guerra” na qual policiais militares devidamente armados, Procon estadual e Vigilância Sanitária derrotaram um bando de queijos. Os facínoras estavam expostos em bancas do comércio, principalmente no Mercado Municipal, ameaçando os clientes pois estavam despidos de uma embalagem à vácuo e pior, sequer portavam sua tabela de informações nutricionais.
A comunidade pode ficar tranquila, os heróis que defendem nossas vidas dos ataques desses queijos de péssima índole venceram. Quase uma tonelada foi apreendida e destruída pois era “imprópria para o consumo”.
Que bom que em meio a tantos estupros, arrombamentos, roubos de cargas, tráfico de drogas, sequestros e latrocínios, ainda exista gente para nos proteger dos laticínios.
Ora autoridades, tenham um mínimo de bom senso, a fabricação e consumo de queijos é um costume milenar no mundo e multi secular em Minas. O nome diz, queijo mineiro, feito de leite de vaca, usando coalho que por sí só já é um agente biológico que o azeda. Essa tradição, mais que centenária, nunca matou ninguém, meu trisavô já vendia queijos “marginais” em Dores do Indaiá e nunca foi tratado como bandido, ou será que devemos nos arrepender por todas as fatias que já engolimos, às vezes com goiabada caseira (também despida).  O queijo mineiro, principalmente da Serra da Canastra, é apreciado como uma iguaria, porém se for levado à geladeira altera seu sabor original, como querem esses “soldados” que doam suas vidas, se preciso for, para nos livrar desse “venenoso alimento”.
Parece que o Procon não sabe, mas costumamos, “até mediante torturas físicas”, deixar os queijos expostos ao ambiente para que eles fiquem curados. O IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária), casa de burocratas, impõe que ele seja embalado a vácuo e que traga na embalagem informações nutricionais. A continuar nesse pique o pão francês será o próximo, imagine um pãozinho embalado individualmente, com uma tabelinha de nutrientes e data de validade para sabermos se ele está quente do forno ou não. Tratam-nos como se fôssemos ignorantes e sequer soubéssemos escolher uma fruta, um doce ou um pé de alface. Estão extinguindo as chances de sobrevivência do pequeno produtor rural, aquele mesmo que por falta de opção vai ser um João Ninguém na cidade, onde seus filhos poderão exercer atividades menos regulamentadas como o tráfico.
O excesso de normas inviabiliza os pequenos negócios em detrimento de grandes laticínios e hipermercados, portanto gera desemprego e tensão social. Fica, para as autoridades, um questionamento do povo: Se prendem os queijos, porque não prendem os ratos?"

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ser ou não ser...

Olá galera,

nesse espaço iremos discutir o processo que configura o mundo em que vivemos e analisar as práticas socioculturais que nos caracterizam.
Afinal, o que é ser moderno? Até que ponto ser moderno é algo positivo ou negativo?
O que nos torna diferentes de outras gerações? Você é moderno?